Fazer exercícios abdominais pode ser um tormento para muitos. No entanto, algumas mulheres relatam que a prática de atividades físicas é sinônimo de prazer sexual, literalmente falando.
O "coregasmo" é o orgasmo obtido a partir do estímulo de alguns dos músculos "core", o que inclui glúteos, abdominais transversos e oblíquos, quadrado lombar e os do assoalho pélvico . Mas a possibilidade de ter um "coregasmo" não está apenas nos exercícios para a região da barriga, mas nas aulas de spinning, musculação e escalada de cordas. Será?
Um estudo realizado pelos pesquisadores Debby Herbenick e J. Dennis Fortenberry, da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, avaliou as respostas de 370 mulheres de idades entre 18 e 63 anos que responderam a um questionário online, contando algumas experiências. Mais de um terço delas já havia vivenciado o "coregasmo", enquanto outros 60% tinham sentido prazer sexual durante o treino.
A primeira impressão dos resultados é que muitas delas não precisam de um parceiro, fantasias sexuais, masturbação nem sequer de estar pensando em sexo para ter um orgasmo durante seus exercícios.
A pesquisa diz, também, que 45% das entrevistadas que já tiveram orgasmo ou prazer sexual induzido pela atividade física o vivenciaram durante exercícios abdominais, seguidas por 20% que sentiram um dos dois quando praticavam yoga e 9,6% que relataram ter tido prazer durante uma caminhada.
Contudo, os resultados ainda não têm força científica suficiente para comprovar a existência do "coregasmo". Os próprios pesquisadores da Universidade de Indiana admitem a precariedade de seus resultados. Eles mais servem para orientar o rumo de novos trabalhos do que para fazer afirmações categóricas sobre a sexualidade feminina.
A ginecologista e sexóloga Glene Rodrigues concorda que ainda não se pode garantir que o "coregasmo" seja real. "Primeiro, porque a sexualidade é algo muito subjetivo. Só a própria entrevistada diz se já sentiu algo", afirma ela, que questiona a metodologia usada na pesquisa. "É bastante duvidosa, pois aplicou questionários online".
A ginecologista e sexóloga Glene Rodrigues concorda que ainda não se pode garantir que o "coregasmo" seja real. "Primeiro, porque a sexualidade é algo muito subjetivo. Só a própria entrevistada diz se já sentiu algo", afirma ela, que questiona a metodologia usada na pesquisa. "É bastante duvidosa, pois aplicou questionários online".
Segundo a médica, uma coisa é certa: um orgasmo pode ser obtido a partir da estimulação de qualquer parte do corpo, desde que a pessoa se concentre nas sensações prazerosas.
"Acho estranho, contudo, as entrevistadas afirmarem que não estavam fantasiando nem se encontravam em um contexto erótico", diz ela. "Pacientes que fazem trabalhos de contração e relaxamento do assoalho pélvico ou treinam técnicas de respiração podem indicar alguma sensação prazerosa ou sentirem-se lubrificadas, mas é preciso estudar mais como isso poderia conduzir ao orgasmo".
O que mais espanta no "coregasmo" é que a própria sexologia defende, tradicionalmente, que há um componente cerebral muito forte relacionado ao orgasmo feminino –o que explica a importância de fantasias, afetividade e preliminares para que a mulher consiga ter um orgasmo. Relatos de orgasmos que são meras respostas físicas ao exercício é algo completamente oposto a isso.
Por isso é preciso considerar se o que elas sentem, naquele momento, é orgasmo mesmo. "Na sexualidade, tudo é muito subjetivo", diz Glene. "Às vezes mulheres chegam ao consultório dizendo que nunca tiveram orgasmo. Daí eu descrevo para elas o que é um e elas dizem: 'ah, isso eu já tive'", conta a médica.
Exercícios hipopressivos
A sexóloga e membro da Associação Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana Carmen Janssen diz que jamais ouviu relatos de pacientes que tivessem chegado um orgasmo com exercícios. "Mas sei que muitas ficam excitadas em função deles",diz.
Carmen é especialista em exercícios hipopressivos (sobre a musculatura "core"), para aumentar o fluxo de sangue e a força do assoalho pélvico, de forma que ele não fique pressionado pelo peso dos órgãos internos e evitar a perda da sensibilidade na musculatura vaginal, incrementando sua elasticidade e, por consequência, melhorando a saúde sexual. "Trata-se de movimentos com a bacia, que acabam mexendo também com toda a musculatura 'core'", explica.
O pompoarismo, composto de movimentos de contração e relaxamento da vagina, também ajuda a sensibilizar ainda mais a mulher em relação ao órgão genital, além de ser uma das técnicas utilizadas no tratamento de incontinência urinária -o que também não significa que sua prática ofereça prazer sexual.
Talvez a sensação que essas mulheres relatam seja apenas uma forma exacerbada do "barato do corredor", a euforia e bem estar que atletas sentem durante ou após exercícios, provocada pela descarga de endorfina. Mas nada impede que a estimulação física, aliada aos neurotransmissores como a endorfina, conduzam a mulher ao orgasmo. Aguardemos.
fonte: uol
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