É pena estarmos fora da Libertadores mais uma vez. De graça, porque chegamos muito perto de seguir adiante na disputa.
Sorte dos adversários e rivais. Se tivéssemos passado, a esta hora eu
estaria propondo a anexação do Rio de Janeiro como Reino Unido de
Borborema.
Verdade que o resultado final do confronto no Engenhão foi
absolutamente normal. O Botafogo disputa a Série A do Brasileiro, tem um
século de tradição entre os principais times do Brasil, um elenco
milionário, estrutura de empresa, craques internacionais, teve um
jogador a mais durante muito tempo na partida e decidiu o confronto em
seus domínios. Com tudo isso, ainda não ganhou do Galo – lembre-se – mas
levou. Foi justo. Paciência. É o futebol.
Se o Treze tivesse se classificado também seria absolutamente normal,
diante da realidade do confronto. Partida aberta e absolutamente igual
na ida. Primeiro tempo da partida de volta com ligeira vantagem pro
Galo, dentro da proposta de jogo de segurar e impedir correria. Depois
do gol, diga-se, num lance de sorte de Amaral, o Treze segurava a bola
no campo do Botafogo e jogava no ataque, deixando apenas os
contra-ataques para o Botafogo. No segundo tempo da decisão – aí, sim – o
Botafogo deu a pressão que se esperava. Apesar disso, ainda não foi a
pressão do time infinitamente superior que quem não conhece o Treze e a
força do time na Copa do Brasil acreditava, mas apenas a pressão natural
de um time mandante.
Com todo respeito aos leitores mais pudicos, mas não tem outra forma
de dizer: o Galo é foda. O time se transforma nas grandes disputas. Faz
os grandes clubes do Brasil virem à Paraíba com um pé atrás, com a
garantia de que vem pedreira pela frente. Cresce, enfrenta qualquer
adversário de igual pra igual. Levou a torcida do Botafogo no Engenhão
às lágrimas de desespero, à certeza da tragédia, empurrando uma partida
até a disputa de pênaltis, quando os desavisados – que não sabem que
Campina Grande, e não o Rio de Janeiro, é a Capital do Mundo, o Centro
de Irradiação Cósmica do Universo – imaginavam que o confronto seria
decidido nos primeiros minutos da partida de vinda. O Botafogo passou,
está aliviado, mas o fato é que a duríssimas penas, cumpriu apenas a sua
missão, jogou boa parte do segundo tempo em superioridade numérica, não
chegou sequer a jogar em Campina Grande, sob a pressão da massa
trezeana, e mesmo assim não conseguiu vencer o Treze em nenhuma das duas
partidas.
Sou torcedor do único time de futebol da Paraíba que enfrenta,
aperta, e bate os grandes do país. Sem precisar convocar paleontólogos
nem arqueólogos pra comprovar. Acontece sempre. É a rotina. Aconteceu de
novo e só um tolo imaginava que seria diferente. O poderoso goleiro da
seleção brasileira, do alto da sua experiência, da sua serenidade e da
sua reconhecida tranquilidade, pulou e vibrou como um garoto, desceu do
salto, meteu dedo na cara e extravasou com raiva quando conseguiu, no
último segundo do confronto, superar a carne de pescoço deste Galo duro
como não há igual.
Ao resto do Brasil restou hoje se render à força do Galo, acompanhar
com emoção a disputa acirrada entre Davi e Golias, triscar na surpresa a
todo instante. Paraíba, não, que aqui nenhum time alcança sequer sombra
da projeção e do respeito que o Treze impõe nesses momentos. Foi o país
inteiro que hoje acompanhou com o olho arregalado se Beto realmente
conseguiria segurar um ataque tão superior, se o Galo resistiria à
pressão de um time bem mais forte e jogando em casa, se seria possível
jogar de igual pra igual numa condição de tanta desigualdade como a que
existe entre Treze e Botafogo, o de verdade.
Pois segurou, resistiu, jogou de igual pra igual, igualou os
desiguais no braço, no peito e na raça. O time foi guerreiro, aplicado,
ousado, fez bonito, saiu na frente, levou a partida para os pênaltis com
um jogador a menos, disputou a vaga com o Botafogo, de verdade, até o
final. Mais uma vez o Treze frequenta o cenário do futebol nacional como
sinônimo de bom trabalho, de clube e de torcida a ser respeitada, a
referência positiva que orgulha o torcedor. O prêmio máximo de qualquer
outra torcida da Paraíba é se envolver, assistir, acompanhar, secar (é
um direito), se render (é compreensível) e participar, de alguma forma,
nem que seja só pra não dizer que ficou completamente de fora. Eu sou
Trezeano. Na terra onde o sol nasce primeiro, eu sou o Sol.
Só não vou falar sequer no nome de quem manchou a noite, nem do que
fez, que talvez era a única forma de causar algum arranhão no enorme
orgulho que sentimos todos os paraibanos – saibamos, admitamos ou não –
de ser trezeanos. Não. Sobre isso não falo. Questão de higiene. Já que é
natural das terras onde o Galo foi travar esta batalha, seria prudente
ficar por lá, digamos, uns 3o anos, pra não facilitar, e esperar os
ânimos esfriarem. Ao chegar no fim desse post, já tenho informação de
que realmente não volta. Melhor e mais tranquilo pra todos nós.
E pensar que quem leva nome de Louco é Abreu.
Já deu, cidadão. Fica por aí mesmo. Melhor pra todo mundo.
Fonte:
qui, 22/03/12
por claudiokilla
globoesporte.com
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