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quinta-feira, 22 de março de 2012

E o Louco é Abreu





É pena estarmos fora da Libertadores mais uma vez. De graça, porque chegamos muito perto de seguir adiante na disputa.
Sorte dos adversários e rivais. Se tivéssemos passado, a esta hora eu estaria propondo a anexação do Rio de Janeiro como Reino Unido de Borborema.
Verdade que o resultado final do confronto no Engenhão foi absolutamente normal. O Botafogo disputa a Série A do Brasileiro, tem um século de tradição entre os principais times do Brasil, um elenco milionário, estrutura de empresa, craques internacionais, teve um jogador a mais durante muito tempo na partida e decidiu o confronto em seus domínios. Com tudo isso, ainda não ganhou do Galo – lembre-se – mas levou. Foi justo. Paciência. É o futebol.
Se o Treze tivesse se classificado também seria absolutamente normal, diante da realidade do confronto. Partida aberta e absolutamente igual na ida. Primeiro tempo da partida de volta com ligeira vantagem pro Galo, dentro da proposta de jogo de segurar e impedir correria. Depois do gol, diga-se, num lance de sorte de Amaral, o Treze segurava a bola no campo do Botafogo e jogava no ataque, deixando apenas os contra-ataques para o Botafogo. No segundo tempo da decisão – aí, sim – o Botafogo deu a pressão que se esperava. Apesar disso, ainda não foi a pressão do time infinitamente superior que quem não conhece o Treze e a força do time na Copa do Brasil acreditava, mas apenas a pressão natural de um time mandante.
Com todo respeito aos leitores mais pudicos, mas não tem outra forma de dizer: o Galo é foda. O time se transforma nas grandes disputas. Faz os grandes clubes do Brasil virem à Paraíba com um pé atrás, com a garantia de que vem pedreira pela frente. Cresce, enfrenta qualquer adversário de igual pra igual. Levou a torcida do Botafogo no Engenhão às lágrimas de desespero, à certeza da tragédia, empurrando uma partida até a disputa de pênaltis, quando os desavisados – que não sabem que Campina Grande, e não o Rio de Janeiro, é a Capital do Mundo, o Centro de Irradiação Cósmica do Universo – imaginavam que o confronto seria decidido nos primeiros minutos da partida de vinda. O Botafogo passou, está aliviado, mas o fato é que a duríssimas penas, cumpriu apenas a sua missão, jogou boa parte do segundo tempo em superioridade numérica, não chegou sequer a jogar em Campina Grande, sob a pressão da massa trezeana, e mesmo assim não conseguiu vencer o Treze em nenhuma das duas partidas.
Sou torcedor do único time de futebol da Paraíba que enfrenta, aperta, e bate os grandes do país. Sem precisar convocar paleontólogos nem arqueólogos pra comprovar. Acontece sempre. É a rotina. Aconteceu de novo e só um tolo imaginava que seria diferente. O poderoso goleiro da seleção brasileira, do alto da sua experiência, da sua serenidade e da sua reconhecida tranquilidade, pulou e vibrou como um garoto, desceu do salto, meteu dedo na cara e extravasou com raiva quando conseguiu, no último segundo do confronto, superar a carne de pescoço deste Galo duro como não há igual.
Ao resto do Brasil restou hoje se render à força do Galo, acompanhar com emoção a disputa acirrada entre Davi e Golias, triscar na surpresa a todo instante. Paraíba, não, que aqui nenhum time alcança sequer sombra da projeção e do respeito que o Treze impõe nesses momentos. Foi o país inteiro que hoje acompanhou com o olho arregalado se Beto realmente conseguiria segurar um ataque tão superior, se o Galo resistiria à pressão de um time bem mais forte e jogando em casa, se seria possível jogar de igual pra igual numa condição de tanta desigualdade como a que existe entre Treze e Botafogo, o de verdade.
Pois segurou, resistiu, jogou de igual pra igual, igualou os desiguais no braço, no peito e na raça. O time foi guerreiro, aplicado, ousado, fez bonito, saiu na frente, levou a partida para os pênaltis com um jogador a menos, disputou a vaga com o Botafogo, de verdade, até o final. Mais uma vez o Treze frequenta o cenário do futebol nacional como sinônimo de bom trabalho, de clube e de torcida a ser respeitada, a referência positiva que orgulha o torcedor. O prêmio máximo de qualquer outra torcida da Paraíba é se envolver, assistir, acompanhar, secar (é um direito), se render (é compreensível) e participar, de alguma forma, nem que seja só pra não dizer que ficou completamente de fora. Eu sou Trezeano. Na terra onde o sol nasce primeiro, eu sou o Sol.
Só não vou falar sequer no nome de quem manchou a noite, nem do que fez, que talvez era a única forma de causar algum arranhão no enorme orgulho que sentimos todos os paraibanos – saibamos, admitamos ou não – de ser trezeanos. Não. Sobre isso não falo. Questão de higiene. Já que é natural das terras onde o Galo foi travar esta batalha, seria prudente ficar por lá, digamos, uns 3o anos, pra não facilitar, e esperar os ânimos esfriarem. Ao chegar no fim desse post, já tenho informação de que realmente não volta. Melhor e mais tranquilo pra todos nós.

E pensar que quem leva nome de Louco é Abreu.
 
Já deu, cidadão. Fica por aí mesmo. Melhor pra todo mundo.
Fonte:

qui, 22/03/12

por claudiokilla

globoesporte.com

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